segunda-feira, 13 de abril de 2009

Silêncio

A canção vem de longe
Às vezes escuto só sussurros, batidas curtas e distantes.
Um volume tão baixo que parece imperceptível
E nesses momentos não consigo compreender o que diz, nem ao menos sua melodia.
E se transforma apenas em um som, um barulho em meio à poluição de tantos outros.
Ruído
Outras vezes a canção está perto
Tão perto que parece berrar e ecoar na minha cabeça
Toma meus sentidos
Torna-se uma expressão dos meus pensamentos
Como se revelasse ao mundo o mais intimo dos meus sentimentos
Palavras cheias de significado que sem ter escrito de alguma forma saíram de mim
Nesses momentos eu quero silêncio
Falar bem baixinho, ou nem falar.
Poder ouvir o relógio da cozinha badalar solitário
Contando em cada compasso os segundos que meus olhos não se fecharam
Um silêncio ensurdecedor, pior que qualquer barulho.
Onde grita a alma, quando não posso fugir.
Palavras soltas, juntas, misturadas, confusas.
Partitura sem sentidoQual é o Tom?A melodia?Qual é o ritmo que meu coração deve acompanhar?E se ele parar de bater ou bater tão rápido que eu não sinta?
Vou adormecer, cantando a canção de ninar para me encaminhar aos meus sonhos.
Até que o silêncio me encontre novamente e o sono cale a minha voz.
Até o silêncio.